Tudo Volta Para um Final Feliz?

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Tudo Volta Para um Final Feliz?




Muitas coisas nessa vida surpreendem até os mais céticos, coisas como uma velhinha atravessando o oceano a nado, um amendoim do tamanho de um cachorro, e até mesmo um senhor de 103 anos com uma memória excepcional.

Uma das histórias que esse tal senhor conta, é a de como ele venceu a morte. Eu nunca á ouvi, mas mesmo assim é difícil de acreditar, outro dia eu estava em minha calçada descansando após dor algumas pedaladas de bicicleta, e o meu vizinho o Sr. Sandyw que é o tal senhor de 103 anos, veio até sua varanda e me deu um "oi", e eu o retribui acenando. Acontece que somos muito parecidos, em gosto musical, roupas e até mesmo na aparência, talvez eu fique como ele quando ficar mais velho.





Naquele dia o Sr. Sandyw veio até mim, o que é muito normal, pois sempre podemos bater altos papos, eu sempre achei estranhas todas essas coincidências, mas meus pais o conheciam a algum tempo, mesmo antes de meu nascimento, e ele sempre fora um vizinho muito simpático.

Ao vir falar comigo aquela tarde ele parecia um tanto transtornado com alguma coisa, ele sentou-se ao meu lado, com alguma dificuldade, e começou a contar uma das que seriam suas famosas e longas histórias de vida:

-Olá Trevor, eu tenho uma história para lhe contar, de quando eu tinha a sua idade. Eu e meus amigos eramos...Todos tolos e infantis, mas nós sabíamos o que apreciar em uma moça, sabe?! (ele piscou um olho e deu uma risadinha marota), em uma noite fomos á uma festa, e bebemos mais do que devíamos, e então avistamos a bela Mary Ane Preston, entrando linda e loira pela porta da frente da casa, (ele chegou perto e cochichou) Eu sempre tive uma paixão secreta por ela sabe... Eu e meus amigos falamos como ela aquela noite... Na verdade nós queríamos que ela ficasse com um de nós, que estávamos em cinco, e ela sozinha. Mas no final ela nós rejeitou e foi embora da festa sem mais nem menos, dizendo que já era tarde. Ele foi embora sem olhar para trás, eu não estava tão bêbado para me aborrecer com isso como os outros.

Um pouco depois de ela ir embora, percebemos que era tarde mesmo, e resolvemos ir para nossas casas todos juntos de a pé, cambaleantes. Como a rua estava deserta e o risco de sermos postos de castigo era muito grande, nos andamos bem rápido, pela Rua Orange Union, mas nós andávamos tão rápido que conseguimos alcançar Mary Ane, no meio do caminho para sua casa

Infelizmente.

Um dos garotos que estava no grupo se chamava Roger, ele era gorducho, forte e alto, ele talvez tenha sido o que ficou mais aborrecido de nós, com a rejeição. Ele gritou para que Mary nós esperasse, para que fossemos todos juntos, talvez essa fosse mais uma das tentativas dele de beija-la. Mas ela saiu correndo e Roger bêbado e tonto, foi atrás dela. No meio do caminho na calçada, havia uma fenda, em que Mary tropeçou e caiu de cara na calçada, quando caiu sua saia pregada azul, se levantou deixando aparecer sua calcinha rosa de borboletas, todos rimos, mas não por muito tempo.

Roger á alcançou, ela estava machucada, vulnerável e assustada, e Roger estava bêbado. Ele então sentou em cima das costas de Mary e começou a despi-la, ele começou a ataca-la, eu tentei para-lo, mas os outros garotos me chamaram de frouxo, e me deram um soco no estomago... Eu fiquei então jogado na calçada, eu era o menor deles, eu tinha 16 anos e eles 18. Mary Ane foi estrupada, e eu não fiz nada... Eu fui embora... deixando os quatro caras com ela.


- Sr Sandyw, eu acho que ouvi minha mãe me chamando... Eu tenho de ir ok? 

   Comecei a me levantar, mas ele segurou meu braço bem firme... E disse :

- Não, espere, você tem de me ouvir, é importante.

   Eu assustado me sentei novamente e deixei que ele continuasse a história.

-Bem, onde eu estava? Ah sim... Eu como disse fiquei assustado e fugi. No outro dia na escola ele me cercaram, e me ameaçaram para que eu  jurasse que não contaria nunca á ninguém, sobre aquilo. Depois eles foram embora, e não mais falaram comigo.

Mas se passaram semanas e Mary Ane não aparecia na escola, e é claro que eu sabia o porque, ela estava ou traumatizada, ou havia mudado de escola. Eu então fui até um deles e o confrontei dizendo: "O que vocês fizeram com ela?!! Me diga porco Inútil?" Mas ele apenas, me empurrou, e falou algo ininteligível...e saiu cambaleando. Ele parecia doente, ele estava quase verde de tão estragado... Na verdade os quatro caras estavam. Foi o que eu notei quando naquele dia eles vieram até mim no final da aula, para me darem uma surra para que eu não falasse nunca mais sobra aquilo.

Nas semanas seguintes houve apenas silêncio, nenhum deles apareceu na escola e muito menos Mary. Depois de algumas semanas anunciaram no radiofone da escola que os quatro haviam sido achados dentro do carro do pai de um deles, mortos e podres, misteriosamente.

Eu fiquei muito assustado com essa morte anormal, mas no fundo acabei sentindo aquele sentimento de que a justiça havia sido feita. E eu achei que agora onde quer que Mary estivesse, seu espirito estaria em paz, com a vingança. Mas apesar disso, eu me sentia culpado pelo desaparecimento dela, e foi isso que quase me matou...

Em uma noite da semana seguinte, eu estava indo dormir, fui ao banheiro, desliguei as luzes e fui até a janela para fecha-la. E foi então que eu vi, Mary Ane bem na frente de minha casa, com os pés descalços no gramado, ela usava as roupas de quando eu havia a visto pela ultima vez, mas estava suja, rasgada, e ela parecia totalmente machucada.

Eu corri até ela, e quando cheguei perto ela me olhou, mas não era mais ela mesma, ela tinha os olhos amarelos, e sua pele parecia despedaçada. Ela começou a tremer, olhou ferozmente para mim, e falou com uma voz muito bizarra "Você deixou que eles me matassem, eles me enterram..." Desde que eu havia chegado perto, é obviu que eu havia percebido que ela não estava mais viva e que muito menos era humana. Mas quando ela disse a verdade bem na minha cara... Eu desabei, eu abaixei a cabeça e dei dois passos em sua direção, eu a abracei, sua pele era fria... Eu comecei a chorrar, a abraçando o mais forte que eu podia, mesmo que isso a esfarelasse. Eu então senti um ela tocando um dos meus ombros... Eu olhei para ela, e era como se ela estivesse viva novamente, sua pele de porcelana reluzia, seus cabelos longos e loiros, partidos ao meio, tinham aquele brilho, que me faziam suspirar por ela todos os dias na escola... Ela segurou meu rosto com as duas mãos e disse "Você é o único que pode me salvar...Volte á aquele dia, quantas vezes precisar, e me salve, assim ficaremos juntos para sempre". Ela chegou mais perto, e me beijou, ela me deu meu primeiro beijo, e então o mundo parou por alguns instantes, e ela voltou á escuridão. E eu fui levado a aquele dia novamente... E aqui estou eu, contando a mim mesmo, a historia que mudou minha vida"


Por um momento eu percebi que estava prendendo a respiração, enquanto ouvia a história daquele velho estranho e quando respirei novamente, eu percebi que tudo que ele disse batia, ele apenas tinha mudado o nome das pessoas, quer dizer, eu gostava de uma garota, e era amigo de quatro garotos mais velhos do ultimo ano... Mas eu nunca... deixaria que aquilo acontecesse... O homem interrompeu meus pensamentos e então disse algo que mudaria tudo.

-Meu nome é Trevor Kalligan, eu sou você... Como pode perceber, eu tentei convence-lo tantas vezes que agora estou á beira da morte. A única chance de nós termos uma vida normal, é você ir até lá amanha, naquela festa em que você foi convidado, e matar aqueles desgraçados... Eu sei que não há outra maneira, porque eu já tentei de tudo durante 86 anos. Só há essa saída...


Tudo depende agora, de você.

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